Raíz Indígena na Umbanda
Embora muitos não acreditem e não aceitem, a Umbanda é uma religião cristã e genuinamente brasileira. Neste contexto, a abordagem que se fará é indigenista e não africanista. Por quê? Devido à supervalorização, até por parte de muitos umbandistas, da cultura negro-africana, do culto aos Orixás das nações de Candomblé, criou-se uma ofuscação da questão indígena. Facilmente encontramos vasta literatura a respeito da cultura africana e muito pouco, quase nada, sobre a riquíssima indígena brasileira no que se refere à Umbanda, sendo esses índios formadores de nossa raiz ancestral e cultural.
Muitos irmãos de fé dizem que a raiz-origem da Umbanda está na África. Muitos até dizem ser a Umbanda uma ramificação do Candomblé. Um fato inquestionável e indiscutível, na minha opinião (Hugo Saraiva), é que os negros africanos muito contribuíram para o surgimento do que hoje chamamos de Umbanda em solo brasileiro, mas, acredito que a raiz da Umbanda esteja na Espiritualidade. Utilizou-se ela (a espiritualidade) da miscigenação das raças e pluralidade cultural e teológica existente no Brasil para difundir uma "religião única", baseada na caridade e no amor ao próximo. Por ser uma filo-religião dos espíritos de Deus, os mesmos, com a permissão de Oxalá, se apresentam no mundo físico numa forma de pronto-socorro espiritual, religando o homem ao Divino através de seu encontro e harmonização com as forças da natureza. Podemos então perceber que a raiz da Umbanda não está no Homem, mas sim no Espírito de Deus. Talvez devido a este fato, a Umbanda não tenha uma codificação, como o espiritismo (kardecismo) tem. Não tem um codificador (apesar de muitos irmãos quererem codificá-la) justamente para não criar certos dogmas e mitos, para não impor uma concepção única a respeito da Espiritualidade, dando-se a liberdade para que os irmãos se utilizem dos segmentos teológico-religioso que mais tiver afinidades, mas sabedor que só se chega ao Pai Maior utilizando-se da caridade desinteressada como prova de amor ao próximo, praticando assim o Evangelho de Jesus, tal qual nos foi revelado.
A raiz africanista de que muitos irmãos falam parte da forte influência da cultura negra no processo de miscigenação que "fundou" nossa religião. No entanto, esses mesmos irmãos não atentaram a analisar a Umbanda sob a perceptiva indígena. Ao chegarem os brancos europeus e posteriormente os negros escravos no Brasil, já existia aqui uma raça e uma cultura predominante: os Tupi-Guaranis e Tupinambás. Os índios, na época, já tinham seus ritos religiosos e magísticos, danças típicas como a Aruanã, danças totêmicas dos Tupis, tambores, amplo conhecimento do poder das ervas, a faculdade mediúnica da vidência, cultuavam e reverenciavam as forças da natureza como manifestações da Divindade, tendo cada uma, um deus respectivo, que, inclusive, podemos associar aos Orixás da Umbanda. Vejamos a teogonia indígena:
Estes são alguns exemplos e creio que muitos irmãos devem estar surpresos com estas informações, pois não costumamos valorizar nossa própria cultura, nossa brasilidade. Percebemos aqui, semelhanças entre cultos e rituais afro e indígenas. Raças diferentes, continentes deferentes, culturas diferentes. Tudo coincidência? Acredito eu, que tudo isto mostra a Essência Divina que se manifesta em todas as partes, de acordo com a cultura, a estrutura social e a herança religiosa de cada povo.
(Autor: Hugo Saraiva
Fonte: Jornal Umbanda Branca
ANO IV – Nº. 32 – JANEIRO / 2008)
Um comentário:
Saravá! Salve! Namastê! Ave! Shalom! Viva! Sempre! Malê, Malembe (Maleime, Maleme), Agô! Axé, Axé, muito Axé!!!...
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