Andei por muitos lugares, por muitas estradas de terra cheias de buracos, empoeiradas que com o calor do sol dificultava ainda mais o meu caminhar.
Há muito tempo não chovia e essas estradas eram de terra socada, com pedrinhas que machucavam bastante os meus pés, pois eu já não tinha mais sapatos, eles estavam sem a sola de tanto que eu caminhei.
A sede era imensa, a fome nem tanto pois o cansaço era maior e quando eu encontrava um tronco de uma árvore, eu parava e ali adormecia por horas, às vezes por dias.
A fraqueza era tanta, a dor era tanta, a solidão era tanta, mas nada era maior do que a minha fé e a minha vontade de chegar em meu destino.
Até que um dia, eu já havia contado 15 luas, eu avistei no finzinho uma casinha de barro bem humilde porém limpa e cheia de amor, e dentro dela havia um homem.
Então eu parei e pedi um pouco de água e contei que já estava perambulando há 15 luas e ainda não tinha conseguido chegar!
Esse mesmo homem perguntou para onde eu estava indo, e eu respondi:
- Para o meu destino!
Bebi um pouco de água, ele me deu uma vasilha com mais água e fui embora a procura do que estava procurando.
Ventava muito, a poeira de terra do chão seco me cobria, as vezes era até difícil de respirar, mas eu não deixei isso me atrapalhar.
Depois de mais 13 luas eu avistei uma pequena mata bonita, só que dessa vez eu já não enxergava mais de uma vista, porque deu inflamação com a poeira de terra que entrava e eu acabei vendo tudo esfumaçado dessa vista.
Cheguei até essa pequena mata e mesmo com apenas uma vista boa eu conseguir ver tanta beleza e conseguir sentir em meus braços uma brisa suave, era como se eu estivesse recebendo um abraço. Por ali fiquei mais algumas luas, aproveitei para descansar e me alimentar de algumas coisas que a pequena mata pode me oferecer.
Então um dia recolhi alguns frutos, algumas folhas de ervas e continuei a caminhar, para encontrar o meu destino.
Até que depois de muito caminhar, tive um enorme aprendizado com a infinita estrada de terra. Tive muita alegria por um irmão ter tirado a minha sede, tive muito conforto com a mata, pois ela cuidou do meu sono e me alimentou, depois disso tudo finalmente cheguei ao meu destino.
Aprendi que sozinho não conseguimos aprender.
Aprendi que sempre que precisamos tem alguém para nos amparar, basta pedir.
Aprendi que quem quer e luta, consegue chegar em seu destino.
Aprendi que cada lua que passava tinha alguém olhando por mim, era Ele o Pai Maior.
Depois de muito caminhar, pisar em muitas pedrinhas, sentir dor, sentir frio, sentir calor, ter sede, eu não desisti, apenas vivi. Não chorei de tristeza e sim de alegria porque tive ajuda em todas essas luas que caminhei.
O meu destino eu sei qual foi e eu o alcancei!
Às vezes é preciso perder um calçado no meio da estrada da vida para sentir a terra, pisar na terra, que é para os pés ficarem fortes para nos deixar firmes para continuar a caminhar na infinita estrada.
E o seu destino, qual será?
Salve Omulu!
Salve Santo Antônio!
Salve São Francisco!
Salve os Pretos Velhos!
Vovó Luiza da Bahia
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