Seguidores e Amigos da Umbanda

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Inesquecível Aprendizado

Estava sendo guiado pelo Caboclo Sete Estrelas para alguma localidade no astral. Dissera-me ele que eu deveria aprender valorosas lições relacionadas aos psicoterapeutas do astral superior.
Entramos no que parecia ser o prédio principal daquela cidade. O Caboclo guiou-me com passos resolutos até uma sala com uma mesa redonda de mármore onde haviam nove pessoas sentadas ao redor e, pedindo licença a todos, disse àquele que se encontrava na posição central:
— Salve irmão Joaquim!!!
— Salve vossa força irmão Sete Estrelas!!! Então, este é o aprendiz de que você me falou?
— Exatamente!!!
— Obrigado por trazê-lo até aqui irmão e, se julgar melhor, sinta-se à vontade para continuar a desempenhar as vossas tarefas da noite e deixar o seu aprendiz sob os meus cuidados.
— Sendo assim, deixe-me ir para junto dos meus. Salve Deus!!!
— Salve!!!
O irmão Joaquim despediu-se dos irmãos que estavam a acompanhá-lo à mesa e retirou-se da sala levando-me junto. Já do lado de fora ele me disse:
— Tudo bem companheiro?
— Sim, irmão Joaquim!
— Está ansioso? Curioso?
— Olha, por incrível que pareça, desta vez eu estou calmo até demais!!!
— E você sabe o porquê disto?
— Não senhor!!!
— Então eu posso lhe dizer que foi solicitado a alguns amigos espirituais que lhe ministrassem passes energéticos assim que você se desprendesse parcialmente do corpo carnal através do sono físico.
— Mesmo?
— Certamente. Não duvide de que seu aprendizado esta noite será muito importante.
— Verdade?
— Sim. Esta noite você conhecerá um pouquinho do nosso trabalho: os psicoterapeutas espirituais.
— Psicoterapeutas? Então quer dizer que os senhores atuam como: psicólogos, psicanalistas e psiquiatras? É isso?
— Quase. Nós realizamos um trabalho parecido com o que estes profissionais fazem na terra. A diferença é que o nosso trabalho tem um alcance bem mais profundo no espírito dos assistidos, fazendo com que os resultados sejam mais sensíveis para eles.
— Mas, como?
—Você verá uma mínima parte do nosso trabalho com os seus próprios olhos: nesta noite terminarão os atendimentos com o Renato.
— Renato?
— Sim. Um antigo companheiro que caminhou conosco na carne há milhares de anos e que hoje se encontra encarnado.
— Mas, se ele está encarnado, por que não busca os serviços de um psicoterapeuta de vidas passadas lá na terra?
— O Renato, altruisticamente na atual encarnação, escolheu professar a fé protestante!!!
— Entendo.
— Agora vamos, porque ele já está nos aguardando em minha sala!
— O senhor me desculpe irmão Joaquim, mas será que minha presença não assustará o Renato?
— Não se preocupe, ele será incapaz de lhe ver!
— Entendi.
— Agora, o que lhe peço é que fique em permanente espírito de oração em beneficio deste nosso irmão, pois foi por isso que você também foi trazido até aqui esta noite.
— Sim senhor!
— Evite a curiosidade desenfreada na noite de hoje. Exerça-a apenas até o limite que não atrapalhe a irradiação de vossas vibrações positivas em favor do irmão Renato!
— Sim senhor!
— Então vamos!!!
E foi com esta recomendação que entrei na sala do irmão Joaquim. Renato sorriu satisfeito ao vê-lo e disse:
— Olá doutor Joaquim!!!
— Olá Renato, como tem andado?
— Olha, toda vez que eu me consulto com o senhor eu fico dias e mais dias sem sentir problema algum. Mas depois que se passam de duas a três semanas parece um tormento: as crises voltam dez vezes piores e, como você sabe, eu volto a sentir uma depressão tão profunda que chegaria a dizer que é infernal.
Meu Deus, eu pensei, que depressão tão séria seria essa? Mas imediatamente o doutor Joaquim respondeu-me mentalmente:
— Transtorno bipolar hipomaniaco depressivo, agora, por favor, continue a fazer vossas preces em favor do assistido!!!!!
Voltei a elevar os pensamentos e foi quando eu pude ouvi-lo dizer à Renato:
— Já são quase quarenta anos de sofrimento, mas não se preocupe por que hoje você será submetido a uma terapia maravilhosa!
— Verdade? Graças a Deus!!!
— Verdade! Está vendo aquela máquina à sua direita?
Devo confessar que nem uma máquina aquela estrutura parecia, de tão simples: era um tipo de divã onde existiam três fios conectores a serem acoplados na região do crânio e só!!! Percebi que Renato tivera a mesma percepção que eu, pois respondeu ao doutor Joaquim nestes termos:
— Qual máquina? Aquele divã com três pinos conectores?
— Exatamente!!!
— E o que esta máquina faz?
— Ela realiza uma varredura no cérebro do paciente e cura a área afetada.
— De que forma?
— Através de estimulação mnemônica.
— O senhor já usou esta máquina antes?
— Centenas de vezes.
— E porque o senhor nunca tentou esta terapia anteriormente comigo?
— Por que somente agora o seu cérebro esta maduro.
— Entendo.
— Vamos à terapia?
— Vamos doutor.
Renato deitou-se na máquina e fechou os olhos. Foi quando o doutor Joaquim aplicou um passe energético em sua fronte fazendo-o dormir imediatamente. Sorrindo com o resultado obtido o doutor Joaquim conectou dois pinos na região acima da orelha em cada lado do crânio de Renato; já o terceiro pino ele conectou em um fio que estava diretamente ligado a um tipo de monitor de 32 polegadas que estava fixado à parede do lado da máquina.
Entretanto, antes de ligar o monitor, o doutor Joaquim alertou-me:
— Respeite as lembranças do irmão que aparecerão em breve no monitor, não julgue e permaneça em espírito de oração!!!!!
— Sim senhor!!!
O doutor Joaquim, após a advertência, ligou o monitor e as imagens que nele se sucediam eram maravilhosamente espantosas:
Primeiramente apareceu o cérebro de Renato em posição transversal. Posteriormente eu vi que a região da memória, de fato, estava recebendo alguma espécie de estimulação e, então, a hipófise começou a brilhar como se fosse um pequeno sol dentro do cérebro dele. Instantes após a imagem do monitor fixou-se na hipófise e começou a ampliá-la até que tomasse todas as dimensões da tela. O doutor Joaquim proferiu algumas palavras estranhas e, então, uma série de imagens começou a surgir no monitor.
Não sei o porquê, mas quando apareceram às primeiras imagens eu sentia que Renato estava se vendo na longínqua Era Cristalina.
Seu nome era Silfar e ele era o mais brilhante cientista do Templo das Esmeraldas e, quiçá, de toda Era Cristalina.
Perdeu-se no sentido divino do conhecimento enquanto auxiliava outros colegas de profissão a encontrar o elixir da vida eterna.
Olvidou os cuidados com o Templo das Esmeraldas e foi assim que no dia do grande cataclismo ele viu este templo ser inundado e tragado pelas forças vigorosas do mar: centenas de milhares de vidas foram ceifadas também por imprudência dele.
Algumas outras encarnações de Renato eu vi passarem pela tela do monitor e não posso e nem devo comentar sobre nenhuma delas, a não ser o fato de que era um tipo de “corrida contra o tempo” para ele recuperar a paz na consciência através da prática da caridade.
Descobri, assim, que Renato era um espírito venturoso, pois na maioria das reencarnações ele fora bem sucedido em fazer o bem ao próximo; sendo que esta encarnação atual, inclusive, seria a última dele aqui em nosso planeta. Porém, a fim de sanar de vez toda sua culpa espírito-psicológica pretérita ele pedira para reencarnar com distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo ( caracterizado pelo paciente não alternar períodos depressivos com períodos de uma euforia excessiva conhecida como mania: ele apresenta apenas a depressão ) e também para permanecer com este mal até a idade aproximada de 55 anos.
As imagens cessaram de passar no monitor e a imagem da hipófise voltou a tomá-lo como um todo.
Doutor Joaquim, antes de despertar Renato, disse a mim:
— O que você aprendeu com as visões no monitor?
— Aprendi?
— Sim! Você bem sabe que em toda tarefa existe um aprendizado, certo?
— Sim senhor!!!
— E então?
— Que em tudo, tudo e tudo em nossas vidas está operando a mão de Deus?
— E em que este fato implica?
— Que devemos sempre orar, vigiar e procurar fazer o bem esperando que o bem sempre venha nas nossas vidas em decorrência destas ações, entretanto...
— ... não se deve esperar que em nossas vidas surjam apenas flores, deve-se entender que nem só as flores são exemplos da misericórdia divina, pois os espinhos também nos ensinam muito sobre a misericórdia Dele.
— É verdade irmão Joaquim!!!
— Veja nosso companheiro Renato, por exemplo, ele deveria reencarnar mais duas vezes na Terra para que completasse o ciclo de suas provações; entretanto, sua ficha cármica facultou-lhe o direito de eliminar estas encarnações futuras, desde que nesta, ele viesse a desenvolver a humildade, a paciência e a tolerância através de sua convivência por cerca de quarenta anos com o distúrbio bipolar hipomaniaco depressivo.
— E ele está conseguindo cumprir sua missão?
— Perfeitamente. Não só pela convivência perfeitamente equilibrada com seu problema de saúde, mas também por ter escolhido nesta encarnação, de forma extremamente abnegada e altruísta, ser sacerdote de um templo protestante tão somente para dar uma última oportunidade ( pelo menos com ele encarnado ) de antigos companheiros seus conseguirem caminhar pelos caminhos retos da Lei Maior e da Justiça Divina.
— Verdade?
— Sim. O irmão Renato é sacerdote de um templo protestante por excelência, onde ensina ao seu rebanho que o mal não está na liturgia, teologia e rituais de outras religiões, mas dentro de cada um. Cada ser humano pode alcançar a Deus, pois Deus está dentro de cada um. É orando e vigiando a si mesmos que conseguirão evoluir em direção ao Pai Maior e não vigiando e agredindo, de tantas formas, irmãos por paternidade divina, mas praticante de outras denominações religiosas.
— Puxa, isto tudo é ótimo, mas será que o senhor poderia esclarecer uma duvida minha?
— Sim!
— É que eu pensava que o transtorno bipolar hipomaniaco depressivo era ocasionado pelos ataques de obsessores ferozes.
— Em sua quase totalidade sim, mas existem raras exceções, como o irmão Renato, capazes de programar as crises de depressão não por ataques de obsessores, mas por ativações programadas no cérebro perispiritual na área da memória no período pré-reencarnatório.
— Então quer dizer que no caso do transtorno bipolar hipomaniaco depressivo os obsessores atacam a memória do enfermo?
— Exatamente. Os obsessores atuam na memória inconsciente do espírito encarnado ( onde estão as memórias de encarnações pregressas que ele conscientemente não se recorda ) e fazem com que este se sinta fortemente depressivo por uma sensação de algo que ele não consegue explicar, mas que é a sensação de culpa inconsciente por erros do passado atiçada superlativamente por eles.
— Impressionante a explicação, mas será que o senhor poderia esclarecer pelo menos mais uma dúvida?
— Se eu lhe respondesse somente mais uma pergunta, ao invés destas duas que você pensa em me fazer, creio que você ficaria bastante frustrado ao término desta tarefa, correto?
Fiquei impressionado de como o doutor Joaquim conseguia ler minha alma de maneira tão clara e lhe respondi:
— Sim senhor, é verdade!!!
— Gostei da sinceridade e, como tenho permissão do alto, poderei esclarecer estas duas dúvidas onde me for possível.
— A primeira pergunta é: se Renato auto-programara o cérebro para sofrer desta forma de manifestação de distúrbio bipolar apenas até a idade aproximada que ele já possui ( 55 anos ) por que o senhor fez com que ele recordasse várias encarnações pretéritas na noite de hoje?
— Companheiro, ficou acertado antes de Renato reencarnar que ele ativaria o cérebro para desenvolver o distúrbio bipolar hipomaniaco e que nós, quando chegasse a hora, auxiliaríamos a desativar o problema na área da memória em seu cérebro para que ele voltasse a ter uma vida normal. Acontece que para isto ocorrer Renato deveria lembrar-se de erros de algumas encarnações pretéritas e de como trabalhou arduamente ao longo dos séculos para corrigi-los até a presente encarnação, verificando, por si só, que não é mais devedor da Lei Maior e da Justiça Divina e adquirindo a pureza da consciência.
— Entendo.
— Renato não lembrará de nada que recordou esta noite quando despertar, mas assim que abrir os olhos, por ter o “peso da sua consciência” aliviado, não sofrerá mais de transtorno bipolar hipomaniaco depressivo.
— Impressionate!!!!!
— Agora me diga qual é sua última pergunta?
— Enquanto as imagens passavam no monitor, mesmo não sendo minhas, eu sentia toda a verdade e realidade inerentes a elas, mas mesmo assim devo respeitosamente lhe perguntar: aquele templo cristalino, lindo existiu mesmo? Se existiu, onde está?
— Sim. Esta Era Cristalina, como você bem sente dentro de si próprio, de fato existiu. O Templo das Esmeraldas que você pôde ver no monitor, hoje em dia está espalhado nos fundos do oceano mais profundo da face da terra. Agora vá companheiro, pois muito já foi dito esta noite; só não esqueça e nem permita que esqueçam: a misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos!!!
— Jamais esquecerei o aprendizado desta noite, muitíssimo obrigado por tudo doutor Joaquim!!!
— Doutor???
— É! Não é assim que o Renato lhe chama?
— Perfeitamente, pois esta é a única forma que ele, enquanto protestante na atual encarnação, consegue me ver.
— Não entendi, por acaso o senhor quer dizer que pelo fato de eu ser umbandista eu não posso chamá-lo de doutor?
— Companheiro poder você pode, mas por que se você me conhece de outra forma?
Penso que foi ao verificar a acentuada expressão de estranheza presente em meu rosto que o doutor disse a mim:
— Zifio, de uma outra vez que suncê ver este nêgo véio num precisa tratar ele de doutor. Trate-me como suncê tá acostumado nos terreiros de umbanda, chama-me: Pai Joaquim.
Ainda fiquei olhando muitíssimo emocionado e impressionado para aquele ser que brilhava dourado na minha frente, já transfigurado na forma de um preto- velho. Chorava de soluçar, mas não conseguia lhe dizer nada, então foi ele, sorrindo, que se despediu de mim dizendo:
— Vá com Deus meu filho!!!! Salve Jesus!!!!
Acordei chorando na minha cama pensando até que estava enlouquecendo, pois eu não me lembrava de nada e não entendia porque chorava. Foi somente hoje, ao receber este texto, que pude recordar-me dos psicoterapeutas espirituais, do “Dr. Pai Joaquim” e do inesquecível aprendizado: “ A misericórdia divina não está somente nas rosas, mas também entre os espinhos”.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Momento de Oração....


Senhor,
fazei de mim um instrumento da vossa comunicação.
Onde tantos mistificam,
Que eu leve a palavra da verdade!
Onde tantos procuram ser servidos,
Que eu leve a alegria de servir!
Onde tantos fecham os olhos para a prática do bem,
Que eu abra meu coração para acolher!
Onde tantos usam a Umbanda como comércio,
Que eu seja usada pela Umbanda para o amor !
Onde tantos espalham a ignorância e o preconceito,
Que eu saiba agir pela luz do conhecimento e da razão!
Onde a vida perdeu o sentido,
Que através da Umbanda eu leve o sentido de viver!
Onde tantos me pedem um \"despacho\",
Que eu saiba ensinar a benção do trabalho interno!
Onde haja doença,que eu leve a vibração de saúde do Sr. Oxossi.
Onde haja desespero que eu leve a concórdia e a placidez das Águas.
Onde houver desânimo, que eu leve a determinação e tenacidade do Sr. Ogum.
Onde houver injustiça, que eu leve o discernimento e a justiça do Sr. Xangô.
Onde tantos me pedem um milagre,
Que eu seja a humildade do preto velho!
Onde tantos estão sempre distantes,
Que eu possa fazer a Umbanda sempre presente!
Onde tantos sofrem de solidão que faz morrer,
Que eu seja a pureza de Ibejada, espalhando a alegria!
Onde tantos morrem na matéria que passa,
Que o Sr. Omulú me abençoe com a vibração da terra, geradora permanente de vida.
Onde tantos olham para a terra,
Que eu seja um espelho de Aruanda, a refletir sua luz na terra!

Saravá Umbanda!

Meu Bondoso Preto Velho



Aqui estou de joelhos, agradecido, contrito, aguardando sua benção.
Quantas vezes com a alma ferida, com o coração irado, com a mente entorpecida pela dor da injustiça eu clamava por vingança, e Tu, oculto lá no fundo do meu Eu, com bondade compassiva me sussurravas: "ESPERANÇA".
Quantas vezes desejei romper com a humanidade, enfrentar o mal com maldade, olho por olho, dente por dente, e Tu, escondido em minha mente, me dizias simplesmente:
"Sei que a maldade e a traição ferem o coração, mas, responder com ofensas, não lhe trará a solução. Pára, pensa, medita e ofereça-lhe o perdão. Eu também sofri bastante, eu também fui humilhado, eu também me revoltei, também fui injustiçado. 
Das savanas africanas, moço, forte, livre, num instante transformado em escravo acorrentado, nenhuma oportunidade eu tive. Uma revolta crescente me envolvia intensamente, porque algo me dizia que eu nunca mais veria minha Aruanda de então, não ouviria a passarada, o bramir dos elefantes, o rugido do leão; minha raça de gigantes de que tanto orgulho tivera, jazia despedaçada, nua, fria, acorrentada num infecto porão.
Um ódio intenso o meu peito atormentava, porque Oyá não mandava uma grande tempestade? Que Xangô com seus raios partisse aquela nave amaldiçoada, que matasse aquela gente, que tão cruel se mostrara, que até minha pobre mãezinha, tão frágil, já tão velhinha, por maldade acorrentara. E Iemanjá, onde estava que nossa desgraça não via, nossa dor não sentia, o seu peito não sangrava? Seus ouvidos não ouviam a súplica que eu lhe fazia? Se Iemanjá ordenasse, o mar se abriria, as ondas nos envolveriam; ao meu povo ela daria a desejada esperança, e aos que nos escravizavam, a necessária vingança. 
Porém, nada aconteceu, minha mãezinha não resistiu e morreu; seu corpo ao mar foi lançado, o meu povo amedrontado, no mercado foi vendido, uns pra cá, outros pra lá e, como gado, com ferro em brasa marcado. Onde é que estava Ogum? Que aquela gente não vencia? Onde estavam as suas armas, as suas lanças de guerra? Porém, nada acontecia, e a toda parte que olhava, somente uma coisa via: terra.
Terra que sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos corpos cansados.
Era a senzala, era o tronco, o gato de sete rabos que nos arrancava o couro; era a lida, era a colheita que para nós era estafa, para o senhor era ouro. Quantas vezes, depois que o sol se escondia, lá no fundo da senzala, com os mais velhos, aprendia que no nosso destino no fim não seria sempre assim, quantas vezes me disseram que Zambi olhava por mim.
Bem me lembro uma manhã, que o rancor era grande, vi sair da casa grande a filha do meu patrão. Ingênua, desprotegida, meu pensamento voou: eis a hora da vingança, vou matar essa criança, vou vingar a minha gente, e se por isso morrer, sei que vou morrer contente.
E a pequena caminhava alegre, despreocupada, vinha em minha direção; como a fera aguarda a caça, eu esperava ansioso, minha hora era chegada. Eu trazia as mãos suadas, nesse momento odioso, meu coração disparava, vi o tronco, vi o chicote, vi meu povo sofrendo, apodrecendo, morrendo e nada mais vi então. Correndo como um possesso, agarrei-a por um braço e levantei-a do chão. Porém, para minha surpresa, mal ergui a menina uma serpente ferina, como se fora o próprio vento que fere o espaço, errando por minha causa; o seu bote foi tão fatal, tudo ocorreu tão de repente, tudo foi de forma tal, que ali parado eu ficara, olhando a serpente que sumia no matagal.
Depois, com a criança em meus braços, olhei meus punhos de aço que a deviam matar... olhei seus lindos olhinhos que insistiam em me fitar. Fez-me um gesto de carinho, eu estava emocionado, não sabia o que falar, não sabia o que pensar. Meus pensamentos estavam numa grande confusão, vi a corrente, o tronco, as minhas mãos que vingavam, vi o chicote, a serpente errando o bote... senti um aperto no coração, as minhas mãos calejadas pelo machado, pela enxada, minhas mãos não matariam, não haveria vingança, pois meu Deus não permitira que morresse essa criança.
Assim o tempo passou, de rapaz forte de antes, bem pouca coisa restou, até que um dia chegou e Benedito acabou...
Mas, do outro lado da morte eu encontrei nova vida, mais longa, muito mais forte, mais de amor e de perdão, os sofrimentos de outrora já não importam agora, por que nada foi em vão...
Fomos mártires nessa vida, desta Umbanda tão querida, religião do coração, da paz, do amor, do perdão".
Escrito por Pai Ronaldo Linares em 20 de Outubro de 1964; entregue em mãos, por ele, ao JUS (Jornal de Umbanda Sagrada) e publicado em Maio de 2005.
Muita Proteção e Luz a todos os Irmãos de Fé!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Amigos Ciganos

Muitos de nós sabemos histórias sobre o povo cigano.

Alguns de nós inclusive já ouvimos histórias contadas com o objetivo de afastar-nos o máximo possível “deste tipo de gente”: ciganos roubam crianças e os pertences de outras pessoas, mulheres ciganas seduzem os maridos de mulheres direitas, mulheres ciganas fazem magias para o mau, etc.

Curiosamente também ouvimos histórias sobre pessoas negras, pobres, gays, entre outras minorias discriminadas através das gerações.

Pensando um pouco no mundo em que vivemos é importante que saibamos que ainda existem ciganos por aí, sofrendo muitos preconceitos. Quem sabe um destes não seria um de nós mesmos? Ainda somos discriminados por sermos Umbandistas. Que temos de tão diferente? Divulgam por aí histórias que “macumbeiros sacrificam crianças”, “mulheres macumbeiras usam feitiço para roubar o marido de mulheres direitas”, “macumbeiros fazem feitiço para o mau”. Acredito que temos muito mais em comum com o povo cigano do que um dia pudemos imaginar.

Um povo com tantas semelhanças com a Umbanda não poderia ter encontrado seara mais adequada para o trabalho espiritual, pois desde os primórdios o povo cigano já acreditava na comunicação com forças astrais, na manipulação dos elementos da natureza e na força da oração.

Hoje em dia não são todas as casas Umbandistas que realizam giras de povo cigano. Algumas até chamam ciganos junto com os exus, o que não é adequado uma vez que o trabalho dos ciganos do oriente, por exemplo, demanda manipulação de energias diferentes daquela usada pelos exus para o trabalho espiritual. Porém as casas que estão abertas a esse tipo de trabalho único encontram muita satisfação em tê-los como parceiros na evolução espiritual e tratamento de seus consulentes.

A diferenciação do trabalho também se expressa na diferenciação da manifestação. Muitos ciganos trabalham com uma incorporação muito suave. Outros trabalham ainda intuindo seus médiuns, tanto dentro quanto fora do terreiro. É inclusive motivo de angústia para alguns médiuns toda essa sutileza, pois muitas vezes se perguntam de onde estes pensamentos e ações estariam vindo.

Temos muito que aprender com o povo cigano.

O valor da liberdade. Ela é tão poderosa que nem mesmo a morte é capaz de detê-la.

O valor do respeito. Os mais velhos são os mais sábios.

O valor da alegria. A música e a dança embalam noites de nascimentos e de mortes nos acampamentos. Todas as fases da vida devem ser celebradas.

O valor da comunidade. Devemos estar unidos pelo que acreditamos e partilhar o que temos.

O valor da desconfiança. Não devemos nos entregar por inteiro a partir de um sorriso. Devemos sorrir de volta, mas sempre observando para saber o que está por vir.

O valor da magia. Não me refiro à magia enquanto branca ou negra, mas sim enquanto forma de manipulação de elementos dados a nós pelo criador. Elementos estes que estão repletos de energia do universo que pode ser usada para nos ajudar.

Toda essa sutileza me faz lembrar que os ciganos são o povo do vento.

O vento sopra livre na copa das árvores, possui elementos que alimentam o fogo, porém também pode apagá-lo, pode passar sem ninguém ver, mas não passa sem se fazer sentir. O vento traz perfume, traz fumaça para nos alertar, e quando pára de soprar... nos sufoca.
Não consigo mais ver a Umbanda sem os amigos ciganos.

Salve sua linda falange.

Arriba povo cigano!

Optchá!


Por Minha Esposa, Amiga e Irmã: Roberta Pereira de Paula da Cigana Dara. Obrigado Irmã, por nos presentear com esse belíssimo Texto!

Hoje é Dia de Santa Sara - Protetora do povo Cigano - 24 de Maio

 Salve Santa Sara Kali!
☆★☆ Santa Sara Kali ☆★☆

Protetora do Povo Cigano

Oração a Santa Sara Kali

Tu que és a única Santa Cigana do mundo.
Tu que sofrestes todas as formas de humilhação e preconceitos.
Tu que fostes amedrontada e jogada ao mar
Para que morresses de sede e de fome.
Tu sabes o que é o medo, a fome, a mágoa e a dor no coração
Não permitas que meus inimigos zombem de mim ou me maltratem.
Que Tu sejas minha advogada perante a Deus.
Que Tu me concedas sorte, saúde e que abençoe a minha vida.
Em Deus. Por Deus.
Amém!


Algumas Curiosidades sobre os Ciganos:

Bandeira Cigana 


A Bandeira como está foi instituída como símbolo internacional de todos os ciganos do mundo no ano de 1971, pela International Gypsy Committee Organized, no First World Romani Congress( primeiro congresso mundial cigano), realizado em Londres.
Seu significado:
A roda vermelha no centro simboliza a vida, representa o caminho a percorrer e o já percorrido, a tradição como continuísmo eterno, se sobrepõe ao azul e ao verde com seus aros representando a força do fogo, da transformação e movimento.
O Azul:
Representa o céu, os valores espirituais, a paz, a ligação do consciente com os mundos superiores, significando a libertação e a liberdade.

O verde:
Representa a mãe natureza, a terra, o mundo orgânico (subterrâneo), a força e a luz do crescimento vinculado com as matas, com os caminhos desbravados e abertos pelos ciganos. Representa o sentimento de gratidão e respeito pela terra, o que ela nos oferece, de preservação pela natureza. Simboliza também a relação de respeito por tudo que ela nos oferece proporcionando a sobrevivência do homem e a obrigação de ser respeitada pelo homem que dela retira seus suprimentos, devendo mantê-la defesa.
Destarte é claro hoje que o Povo Cigano foi vítima de preconceitos injustos e sem fundamento, em vista de seus hábitos de vida, roupagens e cerimoniais, entretanto, jamais se teve notícias de que houvessem provocado qualquer desajuste social ou entre nações ou deles participado, pela sua própria característica de ser um povo alegre, festeiro, amante da natureza e altivo, um povo orgulhoso de sua raça a ponto de contagiar aqueles não ciganos com sua graça e simpatia. Um povo que ao longo do tempo demonstrou muita sabedoria e união, caso contrário não os teríamos ainda presentes entre nós.
Vítimas de perseguição e injustiças destaca-se entre elas o ocorrido na segunda guerra mundial, onde milhares de ciganos foram recolhidos aos campos de concentração e desapareceram, acreditando-se que muito embora não se tenha dados fidedignos de números e quantidades, deve estar em torno ou por volta de dois milhões de ciganos desaparecidos na ocasião.
Hoje já se tem no Brasil a exemplo da Europa e do mundo o Instituto de Defesa dos Direitos da Etnia Cigana entre outros, que pretende agregar os Irmãos ciganos e não ciganos na compreensão de se fazer valer os direitos e garantias atinentes ao Povo Cigano, desejando combater pacifica e legalmente a discriminação, preconceitos e assim por diante. Bem como promover uma melhor comunicação e conhecimento a respeito, reivindicando benefícios e direitos em geral.


Baralho Cigano 

                                   

A origem das cartas do Baralho Cigano permanece na obscuridade e se perde nos tempos.
Muito se tem dito sobre como surgiu o primeiro Baralho Cigano, mas fico com a versão de alguns pesquisadores que afirmam que as primeiras cartas ciganas surgiram nas mãos de Madame Lenormand, senhora da corte européia no século VIII, nascida em Alençon na França no ano de 1772.
Madame Lenormand foi muito conhecida pelas suas predições aos homens da corte, entre eles Napoleão Bonaparte, ao qual ela previu sua ascensão e queda. Tinha contato constante com ciganos europeus, aprendendo com eles a arte de ler as Cartas Ciganas. Posteriormente, fez uma adaptação do "exótico" baralho usado por ciganos para a nossa realidade não cigana, representada por figuras do nosso cotidiano e introduzindo nestas cartas as figuras do baralho de naipes.
Assim estas cartas passaram a ser utilizadas não somente pelos que não eram ciganos, mas também pelas mulheres ciganas. Atualmente existem diversos tipos de Baralhos Ciganos no mercado, assim como um vasto material sobre cartas que poderão ser muito úteis àqueles que se interessarem e que desejam se aprofundar no assunto.
Felizmente podemos acessar informações que permaneceram anteriormente obscuras devido a tabus, preconceitos e mesmo perseguições. E o ato de oracular é uma destas informações.
Sendo as cartas um instrumento sagrado, deve ser respeitado e requer cuidados especiais ao utilizá-lo como instrumento de trabalho.
É interessante salientar que nos símbolos das cartas do Baralho Cigano está inserida a energia dos Orixás onde encontramos Yemanjá na carta 3 - O Navio; Oxôssi na carta 5, A Árvore; Iansã na carta 6 - As Nuvens; Oxumaré na carta 7- A Cobra; Nana na carta 9- O Ramalhete; Obaluayé na carta 10 - A foice; Êre na carta 13, A Criança; Ossayan, na carta 20- As Ervas; Xangô na carta 21 - O Morro; Ogum na carta 22 - Os caminhos, Oxum na carta 30 - Os Lírios e Oxalá na carta 31 - O Sol.
              Desta forma é possível conhecermos Os Orixás (que são energias vibratórias da natureza) que o consulente está sob a proteção.


 
AS SETE FILOSOFIAS CIGANAS
1- FELICIDADE - Um campo aberto, um luar, um violão, uma fogueira, o canto do sabiá e a magia de uma cigana.

2- ORGULHO - É saber que nunca participamos de guerras e nunca armamos para matar nossos semelhantes. Somos os menestréis da paz.

3- AMOR - Amar é vivermos em comunidade, é repartir o pão, nossas alegrias e até nossas aflições.

4- LEALDADE - É não abandonar nossos irmãos quando precisam. É nunca negar o ombro amigo, a mão forte e o incentivo à vida.

5- RIQUEZA - É termos o suficiente para seguirmos pela estrada da vida.

6- NOBREZA - É fazermos da humilhação um incentivo ao perdão.

7- HUMILDADE - É não importar-se em ser súdito ou nobre, importar-se apenas em saber servir.


SÍMBOLOS CIGANOS
 
 
CORUJA - Simboliza segurança. É usada para trazer segurança e equilíbrio no plano físico, financeiro, e para se livrar de perdas materiais.





CHAVE - Simboliza as soluções. É usado para atrair boas soluções de problemas. O símbolo da chave quando trabalhado no fogo costuma atrair sucesso e riquezas.



ESTRELA DE 5 PONTAS - Simboliza evolução. É usado para proteção, além de estar associada à intuição, sorte e êxito. A estrela representa o domínio dos cincos sentidos. Também conhecida como o Pentagrama.



ESTRELA DE 6 PONTAS - Simboliza proteção. É usada como talismã de proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. Também conhecida como Estrela Cigana e Estrela de David. A Estrela Cigana é o símbolo dos grandes chefes ciganos. Possui seis pontas, formando dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está a cima e o que está a baixo. Representa sucesso e evolução interior.


FERRADURA - Simboliza energia e sorte. É usada para atrair energia positiva e boa sorte. A ferradura representa o esforço e o trabalho. Os ciganos têm a ferradura como um poderoso talismã, que atrai a boa sorte, a fortuna e afasta a má sorte.



LUA - Simboliza a magia e os mistérios. Usada geralmente pelas ciganas, para atrair percepção, o poder feminino, a cura e o exorcismo atentando sempre as fases: nova, crescente, cheia e minguante. A lua cheia é o maior elo com o sagrado, sendo chamada de madrinha. As grandes festas sempre acontecem nas noites de lua cheia.



MOEDA - Simboliza proteção e prosperidade. Usada contra energias negativas e para atrair dinheiro. A moeda é associada ao equilíbrio e à justiça e relacionada à riqueza material e espiritual, que é representada pela cara e coroa. Para os ciganos, cara é o ouro físico, e coroa, o espiritual.



PUNHAL - Simboliza a força,o poder, vitória e superação. É muito usado nos rituais de magia, tem o poder de transmutar energias. Os ciganos também usavam o punhal para abrir matas, sendo então, um dos grande símbolo de superação e pioneirismo, além da roda. O punhal também é usado na cerimônia cigana de noivado e casamento, onde é feito um corte nos pulsos dos noivos, em seguida o pulsos são amarrados em um lenço vermelho, representando a união de duas vidas em uma só.



RODA - Simboliza a Samsara, representando o ir e vir, o circular, o passar por diversos estados, o ciclo da vida, morte e renascimento, e é usada para atrair a grande consciência, a evolução, o equilíbrio. A roda é o grande símbolo cigano, que é representado pela roda dos vurdón que gira.



TAÇA - Simboliza união e receptividade, pois qualquer líquido cabe nela e adquire sua forma. Tanto que, no casamento cigano, os noivos tomam vinho em uma única taça, que representa valor e comunhão eterna.



TREVO - É o símbolo mais tradicional de boa sorte. Trevo de quatro folhas: traz felicidade e fortuna. Quando se encontra um trevo de quatro folhas na natureza, pode-se esperar sempre boas notícias.





ÂNCORA - Simboliza segurança. É usado para trazer segurança e equilíbrio no plano físico, financeiro, e para se livrar de perdas materiais.










     Sandra Rosa Madalena


 Em 1979, o então estreante cantor Sidney Magal lançou um filme: "Amante Latino", dentre as canções, havia uma em que o verso falava: "...Quero vê-la sorrir,quero vê-la cantar, quero ver o seu corpo dançar sem parar..."
A musica falava de Sandra Rosa Madalena, uma cigana que mexia com o imaginário masculino...
Mas quem foi Sandra Rosa Madalena? Existiu? Onde nasceu?
Fiz 1 semana de pesquisa sobre o tema.
Todos dizem haver várias lendas, mas só achei uma que será postada abaixo.
Também não há registro da fonte...
Se alguém souber, por favor me avise que ponho os créditos!

Lenda Sandra Rosa Madalena

Foto Cigana: Pintura Mediúnica Maria do Carmo da Hora
                                            
Há muitos anos atrás em Sevilha, num acampamento cigano, nasceu uma menina chamada Sandra Rosa Madalena.
Ela cresceu com beleza e primor, até que um dia um conde casado a seduziu.
O acampamento cigano, ao descobrir que ela estava grávida a expulsou de sua tenda, pois a cultura cigana não admite mães solteiras e suas mulheres precisam casar virgens.
Então em busca de abrigo ela procurou o conde, que com medo de escândalos, mandou matar esta pobre moça.
Algum tempo depois, algumas ciganas do acampamento começaram a orar pela alma de Sandra, que começou a aparecer nos sonhos do seu povo.
Um certo dia, uma cigana ao ver a sua filha doente, rezou para que a alma de Sandra ajudasse a curar esta criança e o milagre foi feito.
Após este acontecimento, o espírito de Sandra Rosa Madalena começou a fazer vários milagres para o seu povo.

Namastê



         Fonte: http://fatimadlarossa.blogspot.com/

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